A poeta Kimani toca em feridas com sua poesia apresentada na estréia da série The Handmaid’s Tale

The Handmaid’s Tale – O Conto de Aia estreou em 13 de fevereiro de 2019,  na plataforma de streaming Globoplay e já chegou com os dois pés na porta trazendo uma poesia de Kimani, ganhadora do Slam BR 2017, intitulada Mostra Pra Eles, Mulher.

Fonte: Divulgação – Globo

Kimani é uma poetisa, muito mais que respeita, vinda do Grajaú, em suas linhas ela traz protesto e identidade e não foi diferente em Mostra Pra Eles, Mulher. A poesia tem como ponto principal a questão de ser mulher em uma sociedade machista e exclusiva. Situações também retratadas na série, onde mulheres, de uma hora para outra, perdem seus direitos, suas identidades e vontades passando apenas a servir e ser propriedade de um outro alguém.

Mostra Pra Eles, Mulher, é uma crítica ao papel que deram à, nós, mulheres de ser submissa, recatada e reprodutora. Em um dos versos Kimani diz:

Abençoado seja o fruto!
Criada pra servir a qualquer custo.
Só reproduzir, só reproduzir.
E desde quando o senhor se preocupa com o que eu vou sentir?

Mostra pra Eles, Mulher – Kimani

Há um casamento perfeito entre o texto e a trama da série. Ao mesmo tempo que tudo o que ocorre na série parece tão distante da nossa realidade, o texto de Kimani mostra que muito do que é relatado na série é atual e acontece todos dias, bem na nossa cara.

Cada verso transmite um sentimento diferente do anterior e causa questionamento. Seu texto é um toque em todas as feridas do ser mulher, a objetificação do corpo feminino e a perda da autonomia, mas ao mesmo tempo é um grito de existência e resistência.  

Confira o manifesto de Kimani abaixo:

Um olhar atualizado

Cada parte desta poesia envelheceram como vinho, ao meu ver, toda sensibilidade e verdade ali descritas ainda me fazem arrepiar da cabeça ao pés e me perguntar “Será que estamos assim tão longe da ficção?. “

Quando Kimani fala “a liberdade sempre foi palavra em nosso vocabulário”, tenho a certeza de que nosso caminho ainda é longo e há muitas batalhas para lutar. A exemplicação disso foi manchete no último mês com o surgimento do “Estupro Culposo”. Ser mulher é um desafio, um leão por dia.

Quero que, caso eu tenha, minha filha possa crescer sem o medo de ser violada e, ainda por cima, culpabilizada por este ato desumano e covarde. E, se eu tiver um filho, quero que ele entenda que mulher é divindade, mulher é muito mais que mãe, esposa, ela é potência. Nós movemos o mundo, somos a base. E não, não somos pertence de nenhum ser humano do sexo masculino. Somos de nós mesmas.

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